A metáfora antropofágica em Todas as vezes que dissemos adeus de Kaká Werá Jecupé

Autores/as

  • Carline Cunha Ramos Quaresma

DOI:

https://doi.org/10.25071/1925-5624.40349

Resumen

Um dos primeiros autores indígenas do Brasil a registrar em um livro os mitos de seu próprio povo, Kaká Werá Jecupé ocupa um lócus de enunciação privilegiado,  comparado a outros escritores que publicaram livros sobre as artes verbais indígenas.  Seus livros resgatam a memória ancestral do povo Guarani, trazendo o diferencial de terem sido escritos por alguém que pertence a essa cultura.  De acordo com Kaká Werá Jecupé, antes da pulicação, em 1994, da primeira edição do livro Todas as vezes que dissemos adeus, a cultura indígena brasileira era sempre apresentada pelas vozes de antropólogos, indigenistas ou cientistas sociais. Neste artigo, focalizo as ressonâncias da metáfora da antropofagia no referido livro – um traço da cultura indígena, proposto por Oswald de Andrade como um gesto político para a discussão das relações entre o « eu » e o outro.  Tomo esta metáfora como ponto de partida para discutir a experiência « entre dois mundos » vivida Kaká Werá Jecupé, bem como sua missão de revelar sua tradição milenar à, assim chamada, civilização, promovendo a abertura de um diálogo entre culturas.

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Publicado

2018-11-28

Cómo citar

Cunha Ramos Quaresma, C. (2018). A metáfora antropofágica em Todas as vezes que dissemos adeus de Kaká Werá Jecupé. Tusaaji: A Translation Review, 6(1), 11–26. https://doi.org/10.25071/1925-5624.40349

Número

Sección

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