Chamada de trabalhos

Tusaaji 8 – 2020

CHAMADA DE TRABALHOS

Tema: Padrões e Trajetórias de Tradução  

Editora convidada: Aurelia Klimkiewicz

Tradicionalmente, a tradução é representada como um movimento espacial entre dois lugares – geralmente do estrangeiro para o local – pressupondo a transferência direta de significado de uma língua para outra.  Entretanto, as práticas tradutórias atuais não se limitam, necessariamente, ao movimento através do espaço; podem adquirir um papel mais dinâmico, que dá contornos ao espaço em si, tanto local, quanto globalmente, partindo do contato face a face às redes de atores humanos e não humanos.  É esta a ideia por trás do conceito de espaço como construto social.  Desde que Henri Lefebvre propôs este conceito em seu artigo La production de l’espace, em 1974, mudanças sociais significativas tornaram ainda mais complexas a percepção e a experiência do espaço: novas tecnologias e meios de produção, a globalização, o livre mercado, a migração em massa, as sociedades multiétnicas e até o aumento das viagens de lazer.  Ao contrário da lógica do estado-nação, que defende certo nível de aculturação ou assimilação do que vem de fora, as práticas contemporâneas de tradução se dão em re/configurações de espaço muito mais complexas e dinâmicas do espaço, incluindo a densificação (imigração, a multilingualização das cidades, turismo), extensão (o advento de mercados e instituições globais),  contração (exílio, emigração/imigração) e fragmentação (a formação de diásporas e públicos heterogêneos). Esta mudança do nacional para o transnacional chama atenção para a multiplicidade de micro e macrocontextos, contextos profissionais e até mesmo padrões alternativos de colaboração situados em um “espaço liminar entre o mundo do ativismo e a economia de serviço” (Baker, 23), em que a tradução poderá ter papel vital.

A presente edição da Tusaaji acolhe contribuições sobre os avanços da prática da tradução – trajetórias, modelos e percursos emergentes e/ou alternativos – que desafiem a noção de tradução como “a Mão Invisível no mercado da comunicação” (Cronin, 29). Questionamentos relevantes a respeito desses problemas incluem: Como ocorrem as novas iniciativas de tradução? Como projetos alternativos de tradução impactam a profissão e a autorregulação e auto-percepção da tradutora e tradutor? Como tradutoras(es) se adaptam a novos ambientes profissionais e refletem sobre seu papel e profissão? Em quais circunstâncias se  contrapõem ao status quo? Quais estratégias ajudam tradutoras(es) a enfrentar o caos, a imprevisibilidade,  os imprevistos e o fracasso?  As tradutoras e tradutores estão cientes do impacto que seu trabalho pode ter na sociedade e nos outros?  Quais canais de produção de conhecimento novos emergem dos contextos atuais de tradução? O empoderamento da tradutora e do tradutor é ou não relevante no mundo de hoje?

Autoras(es) não precisam se limitar às questões listadas acima.  Convidamos à submissão de artigos sobre todos os tópicos que discutam questões teóricas, profissionais e práticas, tais como:

  • Tradução e leitura atenta versus leitura distante
  • Tradução e editoras internacionais
  • A recepção do letramento digital profisisonal versus não profissional (fóruns de debate, etc.)
  • Tradução e nomadismo
  • Tradução e publicidade turística
  • Formas colaborativas de tradução (profissional e não profissional)
  • Tradução e relações na gestão do trabalho
  • Quantidade e velocidade da tradução e suas gestões
  • Tradução e ativismo
  • Normas de tradução em micro e macrocontextos
  • Fatores que aceleram ou atrasam a produção, distribuição e/ou recepção da tradução
  • Iniciativas privadas de tradução
  • Modelos de rastreamento, mapeamento e monitoramento da atividade de tradução
  • Blogs de tradutoras(es), fóruns de discussão, etc.

Convidamos autores a submeterem artigos em espanhol, inglês, francês, português ou qualquer outra língua das Américas, que abordem o tema desta edição. Dado o foco hemisférico da Tusaaji, artigos que discutam a experiência da tradução a partir da perspectiva das Américas são bem-vindos, embora a presente edição não seja geograficamente restrita, propondo-se a considerar submissões sobre todas as línguas e regiões.

Além de artigos acadêmicos, também serão bem-vindas submissões de artes visuais e de traduções de qualquer gênero, feitas de/para qualquer uma das línguas do periódico.

Prazo: 30 de setembro de 2020. Submissões podem ser enviadas para a editora convidada, Aurelia Klimkiewicz, pelo endereço aklimkiewicz@glendon.yorku.ca, com cópia para  tusaaji@yorku.ca

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Baker, Mona (2013). “Translation as an Alternative Space for Political Action.” Social Movement Studies, 12:1, 23-47.

Cronin, Michael (2017). “Translation and Post-National Identity in the Digital Age.” In Ivana Hostová (ed.) Identity and Translation Trouble, Newcastle upon Tyne, UK: Cambridge Scholars Publishing.19-33.